(Milongão) A saudade parceira é potranca arisca É cheia de manha esparra o chergão E quando se pensa que tá bem montado Ela corcoveia e nos larga no chão Saudade aragana ventania em mim É um frio de junho batendo no peito São os olhos da gente estourando um rio Carrego de mágoas saindo do leito Saudade menina com cheiro agreste Tem gosto de mate pelas madrugadas É o canto triste de algum urutau Que por certo anda chorando pela amada Saudade é espora cortando por dentro E machuca quando o coração se acalma A gente se encolhe e procura uma luz Claridade na escuridão da alma Saudade são as cordas vivas da guitarra Tangentes nos dedos do milongueiro É o Uruguai nos versos do poeta E na garganta de um missioneiro Saudade é cisma de um viver provinciano Sentimento dia-a-dia mais presente E por mais que se tente esquecê-la Ela procura morada na vida da gente A saudade parceiro só sente quem tem Um aperto no peito ante o adeus Uma vontade enorme de pegar a estrada E um coração grande onde abriga os seus