Me diz quantas vozes que te distraem? Nessa multidão de vozes somos quem? Hoje faço questão que todos O chamem Somente a sós, quando elas se calam Eu escuto a voz que me guia Somente a sós, quando elas se calam Eu escuto a voz que me guia Sua concentração faz com que o Sol suba no oriente Sua concentração faz com que o Sol suba no oriente Deus, hoje eu vou direto ao ponto, se tu me permite Eu tô ligando pra alguém que eu nem sei se existe Aqui embaixo tá um caos, você não assiste? Se tiver algo a dizer, vai, vai, grite! Onde cê tava em meio a dor e tanta coisa triste? Não é possível que isso tudo seja o seu script Será que tá ocupado? Mas é real, por que se omite? Ingenuidade minha ainda te chamar pro feat Talvez a fé seja uma fuga, já dizia o Nietzsche Já que não liga, a partir de agora estamos quites Não sei se tá linha e o fim da linha é o meu limite Então, se tem algo a dizer, vai, vai, grite! Eu tenho um milhão de argumentos só pra você Então me diz porque você não desce pra debater? Mas toda vez que eu tento ganhar a batalha com Deus As questões que ficam eu também não sei responder (cadê você?) Então, me desculpa Deus, eu não consigo mais crer Mas se ainda tiver na linha Tipo Tomé, hoje o que eu peço é tocar Você Cético demais pra te chamar de amor num mundo tão caótico E mais cético ainda pra ver tanto amor E crer que tudo é meramente lógico Às vezes me sinto crente, às vezes ateu, às vezes agnóstico Mas nesse momento eu não faço ideia do meu diagnóstico Eu já nem sei se sou hater de Deus ou dessa caricatura Que a religião enfatiza, projeta e divulga Que é tão diferente de Cristo, inclusive o pôs numa cruz Será que a imagem do Deus invisível Pode ser de fato Yeshua? Mas se não vejo nada, será que crer nisso seria loucura? Será que o invisível pode ser real, tipo, a matéria escura? Será que esse Deus invisível é o mesmo pregado na religião obscura? Aquela matou, escravizou e demonizou Outro tipo de matéria escura E também clareou a matéria da pele de Cristo Pra vender na sua estrutura E pior que até hoje pra isso tem crente dizendo aleluia Como eu não vou pensar que tudo isso é loucura? Como eu não vou pensar? Alguém me ajuda (alguém me ajuda, alguém me ajuda) Como eu não vou pensar? Mas sinceramente eu também tô cansado De calcular o sentido da vida Enquanto ela passa Cansei de cálculos, cálculos, cálculos, cálculos Investigando o universo com a lupa Até o que julguei ser sabedoria, vi que também é loucura Confesso eu nem sei se tô achando a resposta Ou me perdendo na busca, isso me frustra A cada pista um milhão de perguntas De onde viemos? Por que nascemos? Pra onde vamos? Perguntas que sempre perseguem Independente de qual a resposta que achamos Será que de fato sabemos tudo aquilo que sempre afirmamos Ou será que até o que dizemos ser loucura É só a lacuna que nos maquiamos Pra fingir que a normalidade também não é uma E que nos só nós acostumamos Será que nós inventamos Deus pra acreditar em algo eterno? Como o fato do infinito não caber na conta Nos contentamos com a invenção do zero Eu não sei de nada não, mas pra ser sincero Às vezes eu olho no fundo dos olhos de alguém que amo E acho que eu vejo mais Será que seria obscuro da minha parte dizer Eu acho que eu vejo mais que a mera mistura De fótons, nêutrons e prótons Ou fragmentos tão aleatórios, que aleatoriamente se uniram no vácuo Após o choque do nada com o acaso, ocasionado ali por acaso Que faz o pensar que todas as nossas lembranças e laços, afetos e abraços São só devaneios como poeiras perdidas no espaço Frutos de um acidente sem a menor intenção Fruto da desatenção do cosmos Que sequer tinham uma cosmovisão Frutos de uma colisão no vácuo Que resultou nesse mundo tão detalhado Que abre aspas profundo demais pra ser raso E é nessa parte que meu ceticismo e a fé se igualam É preciso fé pra crer em Deus E também muita fé pra crer no nada E por mais cético que eu esteja Por mais que eu não tenha a resposta de nada Não há quem retire essas aspas Seria loucura crer no místico? Será que somos um detalhe quântico? Será que só as cifras da canção Vão decifrar tudo o que há no cântico? Até lembrei de outra frase do Nietzsche Que diz que os que forem vistos na dança Seriam taxados como loucos Por aqueles que não escutaram a canção Eu me lembro que um tempo atrás Eu podia jurar que escutei um som Profundo, como um piano Confesso que até me peguei na dança Confesso que até deu sentido a vida Confesso que até muito além da cifra Ouvir o som me explicava tanto Que ainda que eu não visse o pianista Eu já não podia mais negar, o seu amor me tocando Mas que o Sol, la, si essa fé faz Me livrar de toda solidão, sei que eu não tô só Não pelo o que eu vi como a luz do Sol É porque atravessa tudo ao redor Assim como a ciência comprova Que um buraco negro nasce, quando uma estrela morre Mudando todas as nossas pesquisas e perspectivas Serem redefinidas pelos pontos furados no universo Que atravessaram o espaço-tempo trazendo o infinito ao agora Chamo esse fenômeno de supernova Eu conheço uma estrela que morreu na terra O verbo que se fez carne Mãos furadas do universo Que também sangraram Redefinindo a perspectivas do tempo a eternidade E o nome do fenômeno, é evangelho, boas novas E eu nem sei bem onde eu me perdi Customizei algemas, tentando ser livre De vez em quando tenho a impressão Que o som ainda tá tocando E essa superfície superficial, é que tá sufocando Eu prefiro mergulhar do que me afogar Nos copos de água que eu colecionei Pra fazer caber a compreensão do oceano Eu já cansei das minhas teorias Tentando explicar o parto do mundo Por mais que eu calcule, a conta não fecha Será que não fecha por não ter resposta Ou será que a resposta não cabe na conta? Será que assim quando como forçamos a porta E ela não fecha, mas abre uma fresta? Será que tem algo que ignoramos Enquanto tentamos fechar essa conta Perdendo de vista a fresta que aponta uma realidade tão maior que essa? Será que a resposta está batendo na porta Enquanto nossas perguntas empurram Dizendo que ela não fecha? Exigimos respostas tão exatas nessa vida tão complexa Mas quando a lágrima escorre Despedaçam até as verdades que nós julgamos concretas Redefinir a liberdade é mais fácil Que arcar com o preço dela Mas eu já cansei de criar conceitos Que eu nem faço ideia de onde me levam A religião levou minha fé pro coma Mas tive a impressão de ver um homem Andando por cima das ondas do cardiograma Sem muita explicação Ele só disse vem! Ele só disse vem! Ele só disse vem! Ele só disse vem! E eu não me atrevo a dizer nada além Decifrar a alma pelo aquecimento de quarks ou gluôns Ou fragmentos de um boom! Que nós chamamos de Big Bang Ou se estamos só renomeando um: Haja luz Onde todos, todos, todos os átomos disseram: Amém Os átomos dizem: Amém E sabe o que isso prova? Nada! Nada disso prova absolutamente nada Ai de mim tentar explicar Deus Tentar provar, eu sou posso provar Dele Ai de mim tentar explicá-lo de um jeito que ele não explicou Tentar explicar um convite, o próprio disse Vinde a mim, os que tem sede Tudo o que eu posso dizer é que um dia eu provei Provar dele e não me atrevo a tentar explicar Com algo que ele também não se explicou Não há nada mais insaciável Que viver provando tudo Sem sentir o sabor de nada Eu não posso explicar Deus melhor que Cristo E eu não tenho uma resposta mais acadêmica do que a cruz Não tem um jeito mais intelectual ou melhor de dizer E nem fui convencido por um jeito melhor de entender Só se for real é possível crer E eu não posso explicar um vem Eu só posso ir E eu não posso explicar um convite Mas posso fazê-lo Vem e vede, que o Senhor é bom!