Intro. : Deus Leva Mais um que sai das trevas E que a paz esteja onde estiver lá vem Ei mano cadê a lua já passou das dez que loucura. Algo no ar me diz que é melhor parar Na memória o crente que profetizou Na última segunda no escadão "Erga tua mão, aceite Jesus" "O mal está logo ali, demônio pra te perseguir." Sabe como é ninguém bota uma fé Pressentimento ruim, o fulano não portava nem o dom Mas sabia (hey) que a vida ali é dolorosa, certeira e cruel. "A vida inteira no banco dos réus" Tudo que é bom dura pouco, mas logo recomeça Trilha de um ladrão é a vida de um poeta O sonho da paz, surgiu com a ironia, um prato vazio Vira poesia de viver, a morte e a vida. Quem é que pode entender? Olha o fulano esticado, corpo ensangüentado. O tiozinho que passa, que horror, que situação Olha a cena de cinema, luta corporal. Eu da janela esperando o funeral passar. Mais um preto que acabaram de matar. Ninguém quer testemunhar, mas ai quem matou usava farda. É o que se pode ouvir de um boato que ficou no ar. O pregador da paz, tenta da vida ao velório, mas Só recebe frustração, esta é a hora do último adeus, da última olhada. Nunca mais nem choro e nem risada do cara. O caixão só retrato do que ele foi nessa vida, Eu vou viver, na segunda intenção A gente aprende bastante com a desgraça de alguém Favela é um cativeiro e pra quem foi digo amém Tira a roupa preta do varal lá vem o funeral. {Refrão} Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas E que a paz esteja onde estiver lá vem. Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz Sou uma cruz, carregada por lágrimas, retire a Jesus. E uma frase gravada... Descanse em paz (Adeus...) Dia inteiro no bar o segundo lar, O tempo passa e a conversa fica Nas idéias da vila, a gente se identifica, o sorriso é escasso Em cada morador uma triste lembrança De alguém que está preso, de alguém que morreu, E ninguém te ajuda o sofrimento é só seu. Na idéia de pensar Você pode acreditar que a magia muda a vida E a ilusão é algo triste que restou, a prisão é uma merda, andar armado pra que? A lei vai desfavorecer, vai condenar este preto que está aqui. Que sacrifício que é viver nesta selva é assim a gente "pá" Toma um susto e se levanta. Aqui tudo era festa, a gente até conseguia sorrir, Queimava o gato e o conhaque na moral Mas as drogas, que porra, acabo com essa festa e Agora o que resta é um baú de memórias que ficaram pra trás. Aquele mano se lembra, batia um bolão, hoje é sujeito lá na detenção. E aquela mina sei lá, perdeu sua postura tinha até uma presença, Mas o crack fez a diferença. Correria no Russão você vê, que dia do caralho Teve demonstração de como se mata um irmão Em forma de tiros uma vida se desfez como se apaga uma vela, A condição de um favelado é sobrenatural Osso duro de roer ver você feliz poucos querem saber. O que que pega aqui é revolver na mão, vai pensando assim vai vivendo assim O que que custa para só um pouco pra pensar a maldade Nunca te deu nada faça o governo feliz cachimbo na boca e Pó no nariz o resultado é só um e eu pressinto o final, O mano morto e o maldito funeral. {Refrão} Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas E que a paz esteja onde estiver lá vem. Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz Sou uma cruz, carregada por lágrimas, retire a Jesus. E uma frase gravada... Descanse em paz (Adeus...) Deus leva (leva) leva (leva) x2