Seja bem-vindo nessa casa de caboclo O que eu tenho é muito pouco Aqui nesse fim de estrada Tem um ditado aqui no nosso recanto Que o pouco com Deus é muito E o muito sem Deus é nada Não repare minha estrada esburacada Ela é trilha de boiada, ela é rota de tropeiro Quando chove é uma lama grudadeira Quando é Sol vira poeira, parecendo um fumaceiro Seu carro, moço, é o primeiro que aparece Meu cachorro não conhece Nunca viu um trem assim Pode até parece surpresa pro senhor Mas o progresso passou E acho que esqueceu de mim A minha água vem da fonte, não tem cano Café coado no pano, meu açúcar é rapadura Mas é da boa, feita de cana caiana O melado dessa cana adoça qualquer margura Se o senhor não tá com pressa, eu vou mandar Minha velha preparar um franguinho com quiabo Aqui na roça eu não tenho o tal do uísque Pra abrir o apetite, eu vou buscar um esquenta-rabo Seu carro, moço, é o primeiro que aparece Meu cachorro não conhece Nunca viu um trem assim Pode até parece surpresa pro senhor Mas o progresso passou E acho que esqueceu de mim Agora que a gente já forrou o peito Se quiser eu dou um jeito pro senhor fazer o quilo Não se preocupe, não tem barulho de nada Aqui na minha morada é só passarinho e grilo Tem uma coisa que eu vou pedir pro senhor Pra me fazer um favor na hora que for embora Feche a porteira que me serve de escudo Pra proteger o meu mundo desse mundo lá de fora Seu carro moço é o primeiro que aparece Meu cachorro não conhece Nunca viu um trem assim Pode até parece surpresa pro senhor Mas o progresso passou E acho que esqueceu de mim