Era domingo de outono e o vento norte Soprou mais forte o espinilho do fogão Ele encilhou o seu destino e sua sorte Quando uma brasa envermelhou aquele chão Égua serena lampeia a sua cria Ali nascia um futuro campeão Fechou a baia e foi na venda buscar fumo E uma fagulha foi ao rumo do galpão Tomou uma pura para começar a lida Findou a vida olhando firme para o céu E com o fumo deu adeus por despedida E apertou firme o barbicacho do chapéu A trote largo assoviando estrada a fora Mirou pras bandas do seu pago entrevero Um mau presságio lhe surgiu naquela hora Meu Deus do céu é no meu rancho o fumaceiro! Cruzo a cancela como um raio em disparada Da bicharada se ouvia o desespero Quando a porta foi aberta se escutava Gemidos tristes lá do fundo do potreiro Égua serena estava ali de joelhos Quase sem vida protegendo sua cria O peão tirou o cavalinho do seu peito E numa nuvem de fumaça ela partia Estava junto do alambrado o velho peão Mirando ruínas segurando o potrinho Potro crioulo filho de um campeão Veio ao mundo pra viver também sozinho