Do outro lado do rio Na velha estrada. Uma velha estrada Que nunca levou ninguém A nenhum lugar. Há mil placas pegadas de curupira Ninguém vai chegar. E nas árvores O canto dos pássaros É como um grito de agonia dos humilhados Dos filhos que ficaram sem pai. Do outro lado do rio sob as luzes dos lampiões os mendigos que tem muito pisam aqueles que nada terão Nem mesmo o chão pra morrer do outro lado do rio No meio da velha estrada, na velha estrada. E no silêncio da multidão atrás do muro o negro gritou e chorou Nem mesmo ele ouviu E quando acordei e vi que ainda era escuro, escuro Fiz meu protesto mudo, como quem mentiu. Do outro lado do rio sob as luzes dos lampiões os mendigos que tem muito pisam aqueles que nada terão Nem mesmo o chão pra morrer do outro lado do rio No meio da velha estrada, na velha estrada. Do outro lado do rio No meio da velha estrada.