Ouvir um som de errante é um toque interessante chamando pra trabalhar, O patrão está no alpendre, o peão traquejado entende que tem boiada pra tocar Preparei a comitiva, os melhores destas lida, um cachorro pra ajudar Conheço esse berrante é um chamado importante Vou levar gado distante e demoro pra voltar. Eu sou um pão mais forte, não tenho medo da morte, meus braços parecem ferro; Pego o mestiço a laço sou duro que nem um aço, o melhor que já fizeram. Na arena sou campeão, rolo com o touro no chão nunca perdi um duelo Pra montar eu tenho estilo, monto sem usar estribo Relo o dedo no gatilho esquento o meu para-belo. Levo comigo as tralhas, no peito uma medalha da minha Nossa Senhora Levo meu chapéu de pelo, que uso com muito zelo, é novo comprei agora; Vai o lenço, minha bota, descorada, meia torta dos apertos das esporas Levo rede e baixeiro, meu pelego e travesseiro Pra dormir no terreiro vendo o clarar da aurora. Pra maior desespero não existe mais terreiro, eu não vivo mais tranqüilo Vou remoendo a saudade, levando o peso da idade dos últimos dias que vivo Não sou mais peão de aço, perdi as forças dos braços, recordando eu cochilo O bravo peão arrojado hoje está velho e cansado Vive sonhando acordado, só no banco deste asilo.