Vou cantar um romance de amor e de sangue que um dia Fez chorar o pampa na história de Pedro e Maria Morena Pedro Campeiro, Maria Clara morena Pedro campeiro apeou e pegou uma rosa pra ela Cruzou a porteira da estância E no peito uma ânsia de um sol na janela Na semana foi dura a lida e é Domingo dia De esquecer o cansaço e repousar nos braços dessa guria Maria Clara morena entoava cantiga entre pães e rendas Com seu vestido de chita Era a flor mais bonita daquela fazenda Em seus olhos trazia o brilho do amor primeiro Mas seu pai não queria o amor de Maria e Pedro campeiro Antônio, pai da morena não quis as virtudes de um pobre peão E a prometera em casório a Francisco Libório filho do patrão Mas a moça fazia planos com seu companheiro E o encontro marcado estava combinado à sombra do pinheiro Chico Libório sabendo dos planos de Pedro e da jovem Maria Com seu orgulho ferido estava enfurecido então naquele dia O poente chegou mais cedo, e o canto de um galo Prenunciou o alvoroço quando aquele moço encilhou o cavalo Chico Libório tomado de ódio e tristeza na estrada descia Pedro vinha do outro lado Todo entusiasmado de amor e alegria E a morena alegre esperando Viu com desespero Que o tal Chico surgia naquela sombria tarde de janeiro Dizem que Clara implorou pela graça Deus e da Virgem Maria Que Chico fosse clemente Pois um inocente em seu ventre trazia E a sombra do do velho pinheiro presenciou a cena Quando um raio prateado pintou colorado o peito da morena Pedro apeou ao largo no peito um amargo e a alma ferida Ao se achegar num treval Entre verde e carnal viu Maria sem vida Pedro guarda um pranto velado que chega a dar pena Pra uma rosa plantada a lembrar sua amada Maria morena