[Azagaia] É verdade que nós também conhecemos os acusados Desfilam aqui na rua com Mercedes importados vidros Sempre fumados e fatos perfumados E nós sempre afastamos com medo de sermos furados A verdade é que nós tememos mas já estamos acostumados Os filhos deles cospem em nós mas ficamos calados E os que se revoltam acabam espancados, expulsos E humilhados e até mesmo assassinados A verdade é que eles querem os sapatos Sempre engraxado e nós é que polímos para ganharmos alguns trocados Para sermos empregados mesmo que sejamos mal pagos Eles mandam em tudo tem todos os contactos A verdade é que aceitamos se formos convidados Para comermos os restos por eles deixados É assim que muitos de nós aqui ocupamos cargos Assinamos documentos e somos comprados Na verdade é que nós andamos muito admirados Como é que no meio de pobres há fortunados E agora ouvimos dizer que eles são procurados Não sabemos de nada há anos que estamos calados É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada [Azagaia] É verdade que para muitos de nós eles são chefes E que mesmo sem salários nós não fazemos greves Os gritos dos revoltados são sempre muito breves Há que muitos revolucionários só querem vidas leves A verdade é que nós os vimos cometer injustiças Mas nunca os denunciamos para os juízes e juízas Uns porque sabem que eles comem com os policias Outros estão cansados de comer hortaliças A verdade é que nós deixamos de acreditar Na verdade que não é por amor casamos Pela oportunidade de termos ao menos alguma familiaridade Com aqueles que ditam as leis da sociedade Sim é verdade que eles é que são os donos de todas as terras Dos antigos colonos hectares e hectares Comprados com subornos deixam mulheres grávidas e maridos com cornos A verdade é que nós andamos muito admirados Como é que no meio de pobres há fortunados E agora ouvimos dizer que eles são procurados Não sabemos de nada há anos que estamo calados É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada [Azagaia] É verdade que eles andam Quase todos na mesma lista Um era ministro e outro era estadista Uns vêm nos jornais e outros saem nas revistas Dizem que todos são vigaristas Sim é verdade que nós tínhamos algumas pistas Mas eles lançam sempre areia nas nossas vistas Houve quem até tentou denunciar esses golpistas Mas uns eram malucos e outros eram artistas A verdade é que quase todos nós somos cobardes E que invés de agirmos só rezamos por milagres Dizem que alguns de nós até curtem belas tardas Mudaram de lado e juntaram-se aos compadres Mas é também verdade que muitos choram pelos cantos Perderam dinheiro e insultam todos os bancos Não, não é verdade que aqui existem santos Somente o senhor pode curar os nossos câncros Mas é verdade que continuamos muito admirados Como é que no meio de pobres há fortunados Para depois ouvirmos dizer que são procurados Não sabemos de nada há anos que estamos calados É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, quero problemas É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada É é é é é não, sei de nada