Iara, sem dó, deu de enlouquecer Em noite de lua cheia Na hora da maré mais rara Inventou de ser sereia Corria em suas veias Água do mar Iara, ao se afogar Ria, ria, ria Iara, sem ré, me esquecia Como largava as sandálias E, sem querer, virou poesia Prima-irmã de Ismália Iara era filha De Iemanjá Via no mar a ilha E ia, ia, ia Vi o luar Se aluar Brilhar, lilás No mar, ali A refletir Iara em paz Como um Narciso Se atirando, indo atrás E o vi mergulhar Saltar do céu A noite virou breu E tudo o que choveu Caiu do meu olhar Num dia de alforria Iara, por fim Despida de utopia Fria, fria, fria Voltou pra mim