Quem recorda quanto tempo faz Que a luz de Luzia se desfez na Luz Fumando um cachimbo podre de outra paz A pedra no meio do caminho, a cruz? Putas, noias, nerds, camelôs Transitam num zoo em transe, e tudo bem Tem funk e orquestra, artistas, gigolôs Irmãos num estado terminal de trem E, a me fitar Lá estava Luzia Co’aquele olhar De quem nem sequer via Qual esse arquiteto rococó Que planejou ruas de contradição? Triunfo é derrota, Aurora é noite só Barrocas malocas, rude erudição Presa em palácios e museus A classe dos que têm classe pede bis Enquanto aqui fora o sangue dos sem Deus Escorre num bangue-bangue entre zumbis E, a me fitar Lá estava Luzia Co’aquele olhar De quem já não luzia Qual Lúcifer Que já nem recorda Quando a corda se rompeu De seu céu caiu E eis que da luz se fez o breu