Penso lhe ver pelas ruas Pouco à frente de mim As pernas nuas Num short de brim O corpo delgado Vai no seu passo apressado A camisa de malha Avisto as sandálias A bolsa de couro a tiracolo Me pego feliz por momentos Quase que ao seu lado Seus cabelos ao vento A reconciliar presente e passado E se você se virar e disser olá! Outro dia te vi Parecias chorar Por que chorar? Pra que chorar? Melhor sorrir Mas, não O vulto segue apressado Turbilhonado, na multidão Quanta urgência! Tanta urgência... Sua ânsia de viver Por oposto à minha ânsia de existir Tanta ausência! Quanta ausência Pra que correr? Correr pra quê? A vida é tão breve Tão frágil, tão leve Pra que correr? Correr pra quê? 'Te avisei que a cidade era um vão' Em vão, em vão Fico por aí, pelas ruas A alma nua na solidão De olho na lua Na ilusão de lhe ver surgir