Glória a ti Deus nas alturas Eu te peço em oração Perdoai aquele homem Que pra comer roubou pão Glória a ti Deus nas alturas Eu te peço em oração Perdoai aquele homem Que pra comer roubou pão O solo está tão ressecado E não dá para plantação Falta água para o gado E colheita pro João Desesperado e com filhos pra criar Abandonado nesse sertão ao Deus dará Desatinado sai correndo pro roçado Pra ninguém lhe ver chorando Pra não ver ninguém chorar Pra ninguém lhe ver chorando Pra não ver ninguém chorar Eu canto meu cordel Rasgado no céu da noite Buscando o riso do Sol na aurora Gritando pro céu chorar Só um pouquinho A lama sujar a barra da calça Eu rezo dia e noite Minhas vestes manchadas de cera quente Anseio sua misericórdia Num grito sinto Rasgo me o peito e saco a alma Para que ouças ainda mais de perto O grito mudo de um sertão calado em pó Que só quer plantar Plantar e contar suas histórias Que só quer andar num pau de arara Atolar na lama fresca e nunca mais ter que implorar por dó Eu choro, sim, escondido Cavalgando o vento seco e quente Pedindo mais no meu repente O milagre de um sertão emaranhado em mar Um sertão emaranhado em flor Glória a ti Deus nas alturas Eu te peço em oração Perdoai aquele homem Que pra comer roubou pão O solo está tão ressecado E não da pra plantação Falta água para o gado E colheita pro João Desesperado e com filhos pra criar Abandonado nesse sertão ao Deus dará Desatinado sai correndo pro roçado Pra ninguém lhe ver chorando Pra não ver ninguém chorar Pra ninguém lhe ver chorando Pra não ver ninguém chorar Pra ninguém lhe ver chorando Pra não ver ninguém chorar