Quem sabe meu sonho Ficou negaciando Na costa de um mato Nos ritos de um trago Das últimas luzes Que estreitam domingos. Ficou nas ramadas Encilhando um mouro Depois da sestiada Ou nas madrugadas Num quarto de ronda De alguma tropeada. Meu sonho rebolca Nas xergas tão velhas Moldadas de lombo Guardando suores Tal qual as relíquias De um tempo precioso. Fareja cambonas Com jujos de campo Pelas madrugadas Chuliando cancelas Que abertas prá o dia Envidam potradas. Meu sonho falqueja As tramas de angico Nas chuvas de agosto E saca as penúrias De tanta invernera Nos cardos de um poncho. Galopa num vento Desfiando saudades Soprado da estância Abanos de pala Mesclados nas rimas De crina e guitarra. Talvez quando escute Os gritos da pampa N'alguma ilusão Limite o silêncio Fazendo fronteiras Na paz de um galpão. 0 comentários