Eram arroios, eram matos e enchentes Eram alambrados, sete fios, divisa e linha Um casarão de portas grandes para o leste E uma história de ancestrais que era minha Era a cuscada retoçando frente às casas E um palanque pra potrada se amansar Era uma várzea a se perder compondo a vista Aonde as tropas vicejavam pra engordar Eram esporas, era um mango e um chapéu Um lenço rubro, uma guaiaca e um par de botas Uma bombacha já puída dos invernos E tantas coisas, que por simples nem se notam Eram os irmãos na cevadura de uns amargos Um jeito bueno pela prosa no galpão Era rebanho, era gado e a cavalhada Pela invernada que hoje é terra e plantação Eram gaúchos bem montados indo embora Levando o verde nos seus olhos banhadal Foi a incerteza de a cabresto em trajetória E a minha história, que eu não sei qual o final Era um tempo que se foi pela ansiedade Deixando o campo assim perder a sua essência Ficaram sonhos de um gaúcho já sem viço Por saber que tudo isso aconteceu na minha querência